segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Eleições 2012

Com a confirmação da eleição de Eduardo Paes, o Rio de Janeiro novamente escolhe o seu aliado de criminosos favorito. Contudo, eu me sinto feliz com o pleito, porque tomei uma posição contra o crime organizado, contra as milícias que achacam as comunidades carentes (meu bairro, inclusive), contra os usurpadores da coisa pública pelo poder econômico. Votei contra tudo que se coloca entre o cidadão e o pleno exercício dos seus direitos.

Alguém diria: "é isso aí, tem que votar contra as elites". Eu não voto contra as elites. As elites também são trabalhadoras, cariocas, e brasileiras, e, salvo exceções, obtiveram seu status legalmente (mesmo que a sua moralidade possa ser questionada, não é ilegal ser imoral). Eles são como eu e como os que pegam o mesmo ônibus que eu quando ele passa pela Rocinha, não posso me colocar contra eles. Não desejo tirar-lhes o que lhes é de direito. Ao contrário votei a favor deles também. E dos meus interesses como morador de uma comunidade com o sétimo pior IDH do município. Do contrário, estaria eu fazendo o papel de usurpador de direitos, transformando-me em tirano dos meus tiranos, e igualando-me aos que condeno.

Porque as elites sobrevivem cultivando seu status quo, é natural e histórico que isto ocorra, mesmo em sociedades pretensamente "igualitárias". Porém, enquanto as elites cultivarem o abismo social entre elas e a periferia, lutando para embarreirar obras e projetos que beneficiem as classes mais baixas e promovam a integração e a igualdade de direitos, haverá uma tensão social perigosa, porque ela pode ser estendida só até um limite. E quando ela arrebentar, choverá ferro e fogo sobre as mesmas elites. É contra isso que eu votei. É contra isso que eu voto sempre.
 
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