quinta-feira, 31 de março de 2011

O MEC fazendo as pessoas de trouxas

Tudo começou quando, na quarta-feira, uma representante do Ministério da Educação anunciou que até o ano que vem, os institutos Benjamin Constant (especializado em alunos com deficiência visual) e Nacional de Educação de Surdos (INES, especializado em alunos surdos e mudos) seriam desmantelados, os seus profissionais integrados ao sistema público de ensino convencional, e seus alunos absorvidos pela rede pública, com a justificativa de promover a integração social entre crianças com deficiência.

Bonito, né?

Quinta-feira, a Lúcia Hippólito levantou a bola durante o CBNRio (o programa local da rádio CBN), e eu enviei um e-mail, que ela leu no ar e que eu reproduzo na íntegra:

Bom dia Lucia, prazer falar com você.

Meu nome é
*(oeee, achou que eu ia dar isso de graça? :^P)*, e como muitos cariocas e brasileiros, não tenho parentes surdos, mudos, ou com outros tipos de necessidades especiais. INFELIZMENTE, muitos desses, por não sentirem o problema, não estão se importando nem um pouco com a possibilidade de fechamento dessas duas instituições de ensino.

Contudo, minha irmã já realizou um trabalho no INES. Ela viu como eles trabalham, e o bem que eles fazem às crianças e jovens que ali estão. É um método de trabalho muito específico, que requer grande mespecialização dos profissionais envolvidos (a começar pela alfabetização e desenvolvimento da linguagem, passando pela instrução formal, educação física, acompanhamento psicológico), bem como das instalações físicas, dos aparelhos, instrumentos, espaços de recreação, materiais, etc.

Quem, por Deus, teve a ideia de absorver os alunos do INES e do IBC no sistema público de ensino, onde sequer há professores suficientes, quanto menos quem saiba se comunicar na LIBRAS? Que mal consegue imprimir seus documentos por falta de papel, de tinta, de impressora, de copiadoras, e ainda terão que imprimir documentos em Braille (e alfabetizar os deficientes visuais nesse sistema ao mesmo tempo que tenta, já sem muito sucesso, alfabetizar as demais crianças)? Como eles imaginam que se fará alguma "inclusão" de crianças com exigências tão específicas num sistema de educação pública tão precária para quem não possui essas exigências?

Se tem alguém que ainda não está se importando com esse assunto por não lhes dizer respeito, que eles saibam que os governantes estão, mais uma vez, fazendo vocês de trouxas. Porque só quem não tem conhecimento será enganado com essa medida tão disparatada.

Orbigado Lucia, bom dia e bom trabalho para você.


Ela leu inclusive a parte em que eu chamo pessoas de trouxas.
 
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