sexta-feira, 6 de maio de 2011

Igualdade

Ontem, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, decidiu reconhecer os direitos dos casais homossexuais: partilha de bens, adoção, herança, pensão em caso de separação ou morte do(a) cônjuge, por entender, como eu tenho defendido, que os homossexuais são cidadãos brasileiros antes de tudo, e que, como qualquer outro, devem ter assegurado o direito à união civil. Agora sim, demos um passinho à frente. Eles ainda sofrerão muito, como sofrem quaisquer minorias, com o ódio e o preconceito, e, muitas vezes, pela omissão do Estado em prestar-lhes socorro.

Muita coisa precisa ser feita ainda. A exclusão social não se restringe a orientação sexual, etnia, nacionalidade, gênero. O caso mais violento de exclusão deste país é o que se faz por meio do sistema educacional. Porque é uma exclusão cultivada por políticas de Estado, e suas vítimas não tem, muitas vezes, a verdadeira noção do que acontece. O Brasil tem cerca de 60% da sua população composta por analfabetos funcionais, pessoas que até aprenderam o alfabeto, mas são incapazes ou tem grandes dificuldade de se expressarem por escrito ou de lerem e compreenderem um parágrafo deste tamanho, por exemplo.

Ulysses Guimarães, com a Constituição de 1988 recém promulgada nas mãos, discursando para o Congresso Nacional, disse que "a cidadania começa pelo alfabeto". Muitos dos parlamentares presentes ali ainda estão lá, ou estiveram por muitos anos ainda; embora o discurso tenha sido verdadeiro e contundente, seus aplausos foram cínicos e demagógicos. Sob o pretexto de alfabetizar uma massa de 25% da população de então, formalmente analfabeta, eles depauperaram o sistema educacional, planificando métodos e conteúdos, construindo escolas sem professores ou quaisquer condições de abrigar uma sala de aulas moderna (mandam computadores para escolas com instalação elétrica incapaz de suportá-los), arroxando os salarios dos professores e aumentando a sua carga de trabalho, de maneira que os docentes são reféns do sistema, além de serem responsabilizados por grande parte da sociedade, que sente os danos, mas que enxerga somente o veículo e não o seu condutor.

Manter uma população deste tamanho incapaz de ler e se informar é o seguro de vida de políticos de carreira, que fazem a vida explorando a miséria, cultivando as necessidade do povo para, de quando em quando, aparecerem prometendo resolver isso, ou oferecendo melhorias imediatas, remendos, usando seu poder político, para posarem de super herois. O político existe pela necessidade, então a necessidade deve ser preservada. A única maneira de reverter isso é ensinando as pessoas a se defenderem desses facínoras, exigindo seus direitos e exercendo seus deveres. Mas elas são mantidas na ignorância, para que possam ser exploradas perpetuamente.

Esse é, talvez, o problema de mais difícil solução no Brasil, porque ele não será resolvido de cima para baixo nunca, pois Garotinhos da vida são os favoritos do povo e sempre estarão dando as cartas. E nem de baixo para cima, porque é aqui que a merda está feita. A mídia não está nem aí, como sempre, transmitindo apenas aquilo que faz parte da sua agenda ou atendendo aos interesses econômicos, sob a sigla de "IBOPE". Ações individuais são tomadas por educadores, pais, até setores da imprensa, e mesmo por quem nunca estudou mas encontrou na educação autodidata um sentido para a vida. Mas vejo que isso apenas salva umas poucas crianças da imensa maré de obscurantismo que avança sobre tantas outras.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cidadania

O Brasil é uma República regida por uma Constituição. Essa constituição assinala, entre tópicos estruturais do Estado, os direitos e os deveres básicos do cidadão. Um cidadão, ou aquele que goza e exerce cidadania, só o é quando ele exerce seus direitos E cumpre com seus deveres. Ninguém é cidadão regalando-se apenas de direitos, nem sacrificando-se exclusivamente para cumprir seus deveres. Entre esses deveres está o de conhecê-los.

A Constituição prevê que o cidadão - aquele que faz o que deve, e exige o que é seu de direito - é o elemento individual mais importante do País. Ninguém é mais importante que ele. Ninguém está acima dele. Existem normas de conduta específicas, como a maneira de se portar perante um juiz, um militar, um policial, um político, um funcionário público, quando no exercício da suas funções. Na rua, em casa, na praça, na praia, numa biblioteca, num shopping, somos todos iguais, e quaisquer afrontas, como ostentação e demonstrações de poder (do tipo "você sabe com quem está falando?") são abusos passíveis de processo judicial. Ninguém pode obrigar o cidadão a nada que não esteja previsto em lei, e ele não precisa se submeter a nada disso.

A Constituição ainda garante o direito de opinião, de expressão. Você tem o direito de, ao se sentir lesado pelo descumprimento, por parte de uma pessoa, de uma empresa, do Estado de suas obrigações, reclamar ao órgão competente - à polícia, ao PROCON, às agências reguladoras, ao seu deputado federal favorito, etc.. Ela prevê que o Estado deve ser o guardião dos direitos e o mediador dos conflitos, e que essa é uma de suas prerrogativas. De modo que qualquer pessoa, na qualidade de cidadão, não deve temer, pois está legalmente protegida.

Lógico que essa é a parte bonita do discurso republicano, pois qualquer um que tenha nascido antes de hoje sabe que o Estado é extremamente deficiente no cumprimento das suas obrigações. Há leis que devem ser cumpridas, mas que são injustas, e leis que ferem princípios básicos, como o da igualdade de direitos. Há corruptos ocupando cargos públicos, empresários inescrupulosos, pessoas inaptas para as funções para as quais são designadas ou simplesmente desinteressadas.

Mas é justamente um dos motivos, se não um dos principais, pelo qual um cidadão, em pleno exercício da sua cidadania, deve se mobilizar. Ele não deve se calar, porque ele, e mais ninguém, é a força geradora das mudanças da sociedade. Na História do Brasil, sempre que as mudanças partiram do alto - de autoridades políticas, militares, oligarcas - resultaram em ditadura, opressão, perda de liberdades, obscurantismo. Não delegue a outros as decisões sobre o que você precisa, e não permita que esse direito lhe seja roubado por pretensos paladinos da justiça!

Enumere os problemas que o incomodam. O calçamento da sua rua, o policiamento do seu bairro, fornecimento de luz e água, correio. Reúna evidências sobre a deficiência do transporte público, do descumprimento das leis de trânsito em determinada via, de irregularidades numa repartição pública.

Denuncie irregualiridades. Vá ao sindicato ou ao conselho regional da profissão, pegue o telefone da ouvidoria, do SAC da empresa, o e-mail do gabinete do presidente da empresa, do seu síndico, do seu líder comunitário, do deputado que preside a comissão parlamentar que trata de determinado assunto, do seu deputado ou vereador favorito, do gabinete do ministro ou de seu secretário específico. Construa seus argumentos sobre fatos verificáveis (nunca minta para chamar atenção, por mais urgente que seja), pontue, na legislação, onde está a irregularidade, elabore as consequências que tais atos tem sobre a sociedade e as medidas que você espera que sejam tomadas. Denuncie à polícia crimes que você estiver testemunhando, a presença de criminosos notórios e práticas ilícitas, e, se medidas não são tomadas, questione as atitudes da corporação. A interação do denunciante com a polícia pode ser feita anonimamente, de maneira que só haverá represálias se você se gabar do que fez ou fizer ameaças, ou, enfim, der mole.

Se tudo falhar, use a imprensa - mande e-mails para o âncora do seu programa de rádio favorito, para o departamento de jornalismo da TV, para as redações dos principais jornais e sites de notícias, expondo a situação e o que está ou não sendo feito (por causa da necessidade de expor eu não sugeri o twitter). Organize abaixo-assinados com as pessoas interessadas, mobilize seus vizinhos e colegas para demonstrações públicas de desagravo. Convença as pessoas e as traga para a sua causa pelo seu exemplo (se você estiver insatisfeito com irregularidades no trânsito, mas só cumpre as leis quando tem polícia por perto ou pardais vigiando, as chances de convencer alguém a segui-lo são muito pequenas... além de você mesmo acabar, amanhã, sendo denunciado por alguém que conhece seus direitos e deveres melhor do que você). Quando o empresário, o legislador, o funcionário tem um mínimo de comprometimento e senso de dever, normalmente o problema é resolvido ou negociado antes que chegue nesse ponto.

Não espere que alguém faça as coisas por você. Faça. A omissão é, quase sempre, a origem de todos os problemas. Só são enganados os que se deixam enganar. E eu decidi que não serei mais.

quinta-feira, 31 de março de 2011

O MEC fazendo as pessoas de trouxas

Tudo começou quando, na quarta-feira, uma representante do Ministério da Educação anunciou que até o ano que vem, os institutos Benjamin Constant (especializado em alunos com deficiência visual) e Nacional de Educação de Surdos (INES, especializado em alunos surdos e mudos) seriam desmantelados, os seus profissionais integrados ao sistema público de ensino convencional, e seus alunos absorvidos pela rede pública, com a justificativa de promover a integração social entre crianças com deficiência.

Bonito, né?

Quinta-feira, a Lúcia Hippólito levantou a bola durante o CBNRio (o programa local da rádio CBN), e eu enviei um e-mail, que ela leu no ar e que eu reproduzo na íntegra:

Bom dia Lucia, prazer falar com você.

Meu nome é
*(oeee, achou que eu ia dar isso de graça? :^P)*, e como muitos cariocas e brasileiros, não tenho parentes surdos, mudos, ou com outros tipos de necessidades especiais. INFELIZMENTE, muitos desses, por não sentirem o problema, não estão se importando nem um pouco com a possibilidade de fechamento dessas duas instituições de ensino.

Contudo, minha irmã já realizou um trabalho no INES. Ela viu como eles trabalham, e o bem que eles fazem às crianças e jovens que ali estão. É um método de trabalho muito específico, que requer grande mespecialização dos profissionais envolvidos (a começar pela alfabetização e desenvolvimento da linguagem, passando pela instrução formal, educação física, acompanhamento psicológico), bem como das instalações físicas, dos aparelhos, instrumentos, espaços de recreação, materiais, etc.

Quem, por Deus, teve a ideia de absorver os alunos do INES e do IBC no sistema público de ensino, onde sequer há professores suficientes, quanto menos quem saiba se comunicar na LIBRAS? Que mal consegue imprimir seus documentos por falta de papel, de tinta, de impressora, de copiadoras, e ainda terão que imprimir documentos em Braille (e alfabetizar os deficientes visuais nesse sistema ao mesmo tempo que tenta, já sem muito sucesso, alfabetizar as demais crianças)? Como eles imaginam que se fará alguma "inclusão" de crianças com exigências tão específicas num sistema de educação pública tão precária para quem não possui essas exigências?

Se tem alguém que ainda não está se importando com esse assunto por não lhes dizer respeito, que eles saibam que os governantes estão, mais uma vez, fazendo vocês de trouxas. Porque só quem não tem conhecimento será enganado com essa medida tão disparatada.

Orbigado Lucia, bom dia e bom trabalho para você.


Ela leu inclusive a parte em que eu chamo pessoas de trouxas.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Cisne Negro - review sem spoilers

Domingo prestei concurso para a UFRJ, e saberei como fui ainda hoje. Nos ultimos dias, dando uma folga aos estudos de ultima hora (aqueles em que vc apenas pega a materia para lembrar o que voce ja sabe e tentar decorar o que ainda nao entrou direito na cabeca), fui quinta-feira ao cinema assistir Cisne Negro com minha namorada, seus sobrinhos e uma prima. Antes da critica, uma sinopse.

Nina, a personagem principal interpretada por Natalie Portman eh uma jovem bailarina que, motivada pela mae (uma ex-bailarina que abandonou a carreira para criar a filha) almeja o estrelato numa companhia de ballet. O diretor da companhia precisa de uma cara nova para o papel principal de O Lago dos Cisnes. Nina tem a graca e a pureza do Cisne Branco, mas nao possui a intensidade e a malicia necessarias para interpretar o Cisne Negro. Para poder assumir o papel, ela precisa enfrentar seus problemas para liberar um lado oculto de sua personalidade.

Primeiro: foi um erro assistir esse filme com um dos sobrinhos, que ainda eh moleque, pois a pelicula tem uma cena com drogas e cenas eroticas fortes em pelo menos 4 momentos (classificacao 16 anos, mas soh pq nao ocorre penetracao, eu imagino :^P).

Segundo: eh possivelmente a melhor atuacao da Natalie Portman, pelo menos a primeira que me deixou de queixo caido. O filme eh todo centrado nela, e ela nao deixa ninguem roubar a cena. O filme eh todo dela. Tem Wynona Ryder, Barbara Hershey, Vincent Cassel e Mila Kunis, todos com boas interpretacoes, mas Natalie domina todas as cenas.

Terceiro: a trilha sonora eh basicamente O Lago dos Cisnes. A intensidade das cenas, e preparacao para os momentos de tensao, e os momentos de crise sao marcados por diferentes trechos da obra. Quem jah ouviu musica classica na vida provavelmente vai reconhecer a melodia, mas ela some e eh totalmente incorporada pela imagem, como se ela mesma fizesse parte do cenario ou estivesse expressa nos rostos e movimentos dos atores.

Quarto: a fotografia do filme eh maravilhosa. As cenas tem poucas cores, mesmo em ambientes claros e ensolarados (muitas cenas sao escuras, com uma luz vacilante), realcando a contraposicao entre as faces do Cisne Branco e do Cisne Negro presentes na personagem Nina. A camera na mao, entrando no palco e dancando com os bailarinos ou acompanhando os passos de Nina na rua, em casa ou nos ensaios, mantendo um ritmo de acordo com a intensidade da cena, eh envolvente.

Quinto: o enredo eh bem inteligente. A principio, pela sinopse mesmo divulgada, sabe-se que a personagem principal encara uma face obscura da sua personalidade que ela vai desvendando com o tempo, mas o filme nao deixa claro ateh proximo do fim quais as verdadeiras causas dos fenomenos que a personagem experimenta - seria uma mae super controladora e maniaca, o diretor aproveitador, a colega presumivelmente sabotadora, uma "assombracao" que parece aparecer de vez em quando talvez? Toda a narrativa eh centrada em Nina, quase como em primeira pessoa, entao o espectador soh sabe o que esta acontecendo pelo olhar da protagonista, de modo que ateh a fantasia se torna indistinguivel da realidade. Nao ha aqueles closes em olhares dos coadjuvantes pelas costas de Nina, nem dialogos que Nina nao tenha conhecimento. O suspense estah em nao saber de onde vem o perigo, e a inteligencia da coisa estah em que o perigo sempre esteve ali.

Um dos melhores filmes que eu tenho visto ultimamente. Vou torcer pra ele no Oscar :^P

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CEDAE atendeu meu e-mail, e os direitos que você tem

Há pouco menos de dois meses escrevi um texto rabugento falando sobre a falta de água no meu bairro. É um problema crônico que ocorre todo verão, além de eventuais épocas de grandes eventos na cidade, quando o sistema de distribuição da CEDAE, já normalmente operando no limite, não consegue suprir toda a demanda da cidade.

Mas isso não é da minha conta. Aliás, apenas o que vem na conta é da minha conta :^P

Enfim, durante o mês de janeiro a coisa piorou. Entre o final de janeiro e início de fevereiro, as torneiras secaram completamente. Nem sequer o fiozinho de água que chegava de madrugada e que de manhã ainda possibilitava de encher alguns baldes para passar o dia estava chegando mais. Esses dias os bombeiros foram até em casa para resolver um problema com marimbondos, e disseram que tinhamos sorte de ser um problema que não precisava de água para ser resolvido, porque no próprio quartel deles no bairro não havia água. Domingo passado completaram-se 10 dias na seca, sobrevivendo com água retirada da cisterna do vizinho.

Sábado, irritado com a situação, e com 8 protocolos não atendidos, resolvi apelar. Me lembrei que a Constituição Federal Brasileira, em resumo, garante que, desde que cumpridas todas as obrigações previstas, não existe cidadão mais importante neste país do que eu (ou você), e que eu não precisava me conformar com a desorganização da parte da companhia responsável pelo atendimento a população. Entrei no site da CEDAE, peguei o e-mail do gabinete do presidente, e escrevi um e-mail alertando-o da situação no bairro (citando desde a falta de água para higiene pessoal nas residências até a queda na produção industrial e na atividade comercial; citei ate o caso dos bombeiros).

As pessoas pensam "imagina que o cara vai se preocupar em ler um e-mail de um zé qualquer", e nem tentam procurar quem pode realmente resolver seus problemas. Todos os deputados estaduais e federais (não sei se todos os vereadores, imagino que pelo menos os da cidade do Rio sim) tem e-mails para contato disponíveis. Claro que a maioria deixa essa parte da comunicação com a sua assessoria (como deve ter sido o meu caso, por exemplo), mas uma vez que a reclamação chegam o cara sabe que tem alguém descontente, e que ele espera que, pelos devidos meios, um problema seja resolvido. Demonstrar nesses casos noções de cidadania é fundamental, pois aí o sujeito sabe que o reclamante conhece seus direitos, e vai fazer a República cair para conseguí-los, se necessário, porque sabe que a lei está ao seu lado. Reclamar grosseiramente, sem saber porque nem a quem, por outro lado, é ser um "ze qualquer" e pedir para ser ignorado.

Resultado: no domingo a noite, no décimo dia de seca, quando cheguei em casa, uma das caixas d`água estava enchendo, e pude tomar um banho apropriadamente. Eu sei que meu e-mail teve efeito, porque no dia seguinte ligaram lá para casa da CEDAE, perguntando sobre dados que eu incluí no e-mail (enviei em nome da Trixx Design, a micro empresa que põe comida na nossa mesa) para saber se o serviço fora restabelecido.

Sei de alguns outros bairros da cidade que estão enfrentando fornecimento irregular de água. Se este é o caso, e você está em dia com as suas obrigações, é direito seu exigir o serviço. Passe por cima do atendimento ineficiente do 0800 e recorra a quem pode de fato resolver o seu problema, pois muitas vezes a solicitação fica presa entre o atendente e o sistema de informação da companhia, ou para em algum gerente que não tem a competência ou a autonomia para remanejar o sistema e direcionar água para a sua área. Se não for água, mas for asfaltamento, iluminação, segurança, educação, ou qualquer outro, denuncie a quem tem o poder de resolver seu problema, e se os canais de comunicação estiverem fechados, recorra a imprensa, a internet, a associação de moradores, aproveite que estamos num país onde muitos deram o sangue para que tivéssemos uma legislação que nos protege e para que pudéssemos exigir dos governantes nossos direitos para por a boca no trombone. Todo mundo espera sempre que alguém surja e faça alguma coisa e ninguém assume a responsabilidade de ser esse alguém; se existe um salvador do mundo, ele já veio e já se foi há 2 mil anos, então é melhor a gente se virar.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Desenhando no hospital

Sábado à noite chamamos os bombeiros para retirarem os diversos ninhos de marimbondos que se formaram ao redor da casa, sob o telhado. Ele tiraram os ninhos com fogo, enquanto eu matava os que ficaram dentro de casa com inseticida, mas muitos marimbondos escaparam. Perto da meia noite, senti algo subindo pelas minhas costas, e quando dei um tapa para tirar dali, ele me picou no dedo - era um dos sobreviventes.

Eu tomei várias picadas de marimbondos, algumas recentemente, então não me importei muito depois que a dor inicial desapareceu. Porém, no dia seguinte, minha mão estava uma bola, e durante o dia a inflamação só fez aumentar. Ontem de manhã, portanto, estava eu na emergência do hospital municipal Lourenço Jorge, esperando pra tomar um anti histamínico.

Esse hospital em particular não tem muitos sinais daqueles açougues que aparecem na televisão. É limpo, bem conservado, presta serviço em diversas especialidades, e é equipado para lidar com acidentes com animais. Então, estava eu sentado, esperando na fila para a triagem (um médico atendia as pessoas na sala de pequenas suturas, e encaminhava para a sutura, para o médico de trauma buco-facial, ou para a sala de hipodermia, onde se faz as injeções). Para passar o tempo, como de praxe, tirei um calhamaço de papel de impressora matricial, a lapiseira, e comecei a desenhar.

Pouco depois, um tiozinho que veio acompanhando o filho, ferido no braço, perguntou se eu desenhava. Ele me disse que também adorava desenhar, que vivia de vender desenhos e pinturas feitos rapidamente por 50 centavos a folha, e pediu para desenhar nos meus papeis. Então passamos o tempo nisso. Estávamos desenhando tão animadamente que uma moça que acompanhava uma amiga que também se juntou a nós. Tomei minha injeção, e me foi dito para esperar meia hora. Voltei, e continuamos a desenhar, como se estivéssemos numa colônia de férias, e não na emergência de um hospital. Depois tomei uma antitetânica (pra aproveitar a viagem) e fui embora.

Muito curioso.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Verao

Eu chego no trabalho as 8:00, antes do sol esquentar, e fico enclausurado num edificio climatizado a algo entre 18-22oC. Eh como viver em outra dimensao. A sala onde trabalho tem um janelao por onde eu vejo pessoas entrando em colapso por causa do calor (uma colega minha chegou aqui banhada em suor, pois na Tijuca, aqui do lado, estava batendo 39oC por volta das 10:00), enquanto eu procuro alguma maneira de manter as pontas dos dedos aquecidas na falta de um casaco. Acho ate que eu deveria trazer um casaco para deixar aqui e vestir quando atravessar a fronteira entre as duas realidades. Absolutamente surreal.

Muitas empresas aqui no Rio tem decidido liberar seus executivos da obrigatoriedade do paleto durante o verao, ou, pelo menos, nos dias mais quentes. About fucking time. Nao sei como isso se da nas capitais do Nordeste, por exemplo, mas creio que o bom senso deve predominar sobre a formalidade, sempre. Anteontem estava tao quente no final da tarde que eu ate cheguei a pensar em parar em qualquer praia por onde o onibus passasse, se eu nao tivesse que correr para casa. Onde, alias, falta agua ha 3 dias.

Nao gosto do verao carioca. Eh violento. Quem nao vive aqui nao acredita. A latitude proxima ao tropico de Capricornio engana.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Catástrofes ambientais.

Há quase 1 ano, em fevereiro de 2010, ocorreu um terremoto no Chile, perto da cidade de Concepción. Foi um dos terremotos mais violentos (o sétimo maior) já registrados na história. Atingiu em cheio a cidade de Concepción, com uma força de 8,8 na Escala Richter, durante quase 3 minutos, com reflexos entre 6,5 e 5 pontos na mesma escala durante a hora seguinte. Foi sentido em locais tão distantes do epicentro, no fundo do mar junto à costa chilena, quanto Buenos Aires, Ilhas Malvinas e Fortaleza. Seu impacto foi o suficiente para retardar a rotação da Terra em pouco mais de 1 milissegundo, e o eixo de rotação do planeta foi deslocado em 8 cm. A cidade de Concepción saiu do lugar, deslocando-se em bloco cerca de 3 metros para o oeste.

Toda essa catástrofe gerou perdas materiais em torno de 2 milhões de estruturas urbanas perdidas, entre casas, prédios, e demais construções. O número de vítimas fatais chegou a algo entre 520 (segundo órgãos do governo chileno) a 795 pessoas (segundo a então presidente Bachelet, citada pela Agência Reuters).

Segundo os últimos dados da Defesa Civil, alguns dias de chuva foram suficientes para matar, até o momento, 765 pessoas em 4 municípios da Região Serrana do Rio de Janeiro. Esses dados são específicos para esta região, e não está contando com o que tem acontecido durante este período em São Paulo, Sul de Minas e Espírito Santo.

Temos duas tragédias causadas por forças da natureza, ocorridas na mesma época em países próximos em termos de desenvolvimento e acesso a tecnologias, com números de vítimas fatais semelhantes. Num deles, foi um sismo que liberou uma potência equivalente a milhares de bombas atômicas, enquanto no outro, foi um dia de chuva particularmente intensa, porém esperada para a época do ano.

ONDE ESTÁ O ERRO?

Terremotos são tão comuns no Chile quanto as chuvas são no Sudeste do Brasil. Com a diferença que um terremoto irá derrubar qualquer estrutura que não tenha sido construída para ser chacoalhada durante um tremor de terra, enquanto a chuva, por natureza, cai no chão e é absorvida pela terra ou levada para os rios por córregos temporários cavados nos morros ao longo do tempo. Entre um aguaceiro e um terremoto, qual vc escolheria? Foi o que eu pensei.

No Chile, aparentemente, as pessoas são mais inteligentes, e demandam de seus políticos e da sua classe empresarial medidas para previnir tragédias durante os terremotos. Desta forma, em qualquer buraco do lado de lá dos Andes, é possível encontrar pelo menos alguns edifícios construídos com tecnologia para absorver impactos advindos de movimentos do solo para, se não foi possível continuarem de pé, pelo menos não desmoronarem sobre a cabeça das pessoas. Além disso, campanhas governamentais na área de educação, e um suporte da mídia, faz com que o cidadão chileno comum tenha conhecimento de certas atitudes a serem tomadas em momentos de crise para salvarem as suas vidas. De modo que, enquanto um terremoto de "apenas" 7 pontos na escala Richter matou, imediatamente, 100 mil pessoas no Haiti (com mais 200 mil adicionados a esse número nos dias que se seguiram, por soterramento, ferimentos, doenças, desidratação, etc.), um tremor como o do ano passado devastou o país mas não chegou a ceifar mil vidas.

No Brasil, onde os prédios desmoronam sozinhos porque foram construídos com areia e os seus responsáveis morrem de velhice antes de irem para a cadeia ou pagarem as devidas indenizações, não tem muitos problemas com tremores de terra. Eles ocorrem casualmente em regiões onde fendas no subsolo deixadas por antigos lenções freáticos ou bolhas deixadas pelo magma derramado há muito tempo se assentam com o peso da crosta acima. Não são muito potentes, portanto, é compreensível que, no Brasil, não haja grande preocupação com esse tipo de fenômeno, embora grandes arranhacéus sejam atualmente erguidos com sistemas de amortecimento que permitem algum grau de torção da estrutura.

No entanto, qualquer macaco sabe que, entre novembro e abril, a região sudeste é acometida por chuvas pesadas e repetitivas, num regime quase diário. Também, caso vc não esteja em estado vegetativo desde o nascimento, todos sabem que o relevo desta região é acidentado, marcado por duas cordilheiras paralelas (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira), bordejadas por planícies inundáveis (as Baixadas). E todos sabem que se trata de região mais densamente ocupada do país. E, mesmo assim, permite-se que as pessoas ocupem as encostas de morros (com casas, ou atividades rurais), bases de afloramentos rochosos com pedras rolantes, beiras de córregos de drenagem. Quem cede a permissão para a construção nesses locais são as prefeituras, com anuência de seus secretários de meio ambiente, urbanismo, defesa civil, vereadores e outros que não me ocorrem agora. Porque é legal e bonito permitir que as pessoas ocupem um pedaço de terra, e elas ficam muitos agradecidas e não se esquecem de seus benfeitores. Se elas não morrerem num desmoronamento, elas votarão neles nas próximas eleições. Eles sabem disso.

Não se trata apenas de exploração das necessidade alheias, que é o default da política no Brasil. Nas cidades afetadas pela chuva, havia muitos condomínios de classe média e alta em situações semelhantes às das favelas que foram, igualmente, atingidas. São empreiteiros recebendo favores em troca de apoio aos seus candidatos, com concessões que violam qualquer critério de avaliação responsável, elevam o preço da terra que receberam quase de graça (porque antes era terra "inútil") e atraem compradores com suas belas paisagens, segurança, tranquilidade, e clima agradável. Minha chefe me mostrou uma foto publicada na Revista Época desta semana do condomínio onde ela possuía uma casa. O lugar não existe mais. Muitos dos que estavam ali morreram, e nem sei se já foram contabilizados, pois continuam debaixo dos 3 ou 4 metros de lama que se acumulou no vale abaixo.

O que deveria ser feito? Supondo que trocamos de lugar com o Chile, que medidas de prevenção seriam tomadas?

-Primeiro: a desocupação imediata de encostas de morros, com realocação dessas pessoas mediante a construção de conjuntos habitacionais em locais planos ou de baixo risco e apropriação de edifícios abandonados ou inacabados. No extremo da falta de moradias, adotar um aluguel social temporário que lhes permita ter para onde ir antes de encontrar um local definitivo.

-Segundo: a recuperação da vegetação nas encostas antes ocupadas, bem como matas ciliares, leito de rios que drenam pequenas bacias hidrográficas. A recuperação dos rios nas áreas de risco previnem o deslocamento do solo e o depósito de sedimentos que faz com que o seu nível suba rapidamente no caso de chuva nas cabeceiras ou abaixo dos seus cursos. E a recuperação da mata previne (não completamente, mas de maneira significativa) os deslizamentos de terra, mantida pela ação das raízes, que também contribuem na absorção da água.

-Terceiro: multas por violações das leis ambientais precisam ser aplicadas com rigor, e, em caso de reincidência, prisão e confisco de propriedade, pois torna-se claro que o indivíduo, através do uso que ele dá à terra que lhe pertence, é uma ameaça à vida de outras pessoas e essa ameaça precisa ser neutralizada por quem tem a competência. (Não lembro de ter lido alguma lei que seja tão rígida quanto eu acho que deve ser, então, talvez, na atualidade seja o único detalhe que não possa ser prontamente aplicado).

A remoção de pessoas e expropriações são medidas extremamente impopulares. Não importa que sejam para evitar tragédias, as pessoas acham ruim ter que abandonar seus lares. Ninguém acha que vai acontecer alguma coisa, jamais. Então, para não perder votos, nenhum político com este poder toma qualquer atitude. Ao invés de remover parte de uma favela em risco de vir abaixo ou de uma comunidade no pé de um morro careca, eles vão mandar asfaltar uma rua por ali ou ceder tinta pra pintar os barracos. Ao invés de multar construtoras por violações do código ambiental, eles vão comprar um terreno no condomínio irregular por um preço camarada. Porque fazer o que DEVE ser feito, vai lhe custar popularidade, votos, e o poder de que desfrutam em seus currais eleitorais.

Até os gringos do jornal Le Monde percebem que a negligência das autoridades brasileiras constitui um crime. Todos eles estão banhados em sangue, e, neste momento, estão procurando meios de se tornarem salvadores daqueles que ainda não morreram, para perpetuarem-se onde estão.

Essa é a diferença entre o Chile e o Brasil.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cacique Cobra Coral

Muito bem. Choveu, e mais de 500 pessoas morreram na Região Serrana do Rio de Janeiro. Todo ano é a mesma coisa, pessoas morando em áreas de risco, que não apenas não são relocadas para lugares seguros, como são incentivadas, através de loteamentos irregulares garantidos por políticos locais para a compra "branca" de votos e criação de vínculos com empreiteiros, a viverem nesses locais, que, de outra maneira, não seriam ocupados. Aí chove, os morros descem, os rios sobem, e todo mundo morre. O mais idiota dos fluminenses é capaz de prever que isso vai acontecer todo começo de ano.

Mas, enfim, ninguém identifica os responsáveis por isso, então a coisa vai continuar a acontecer até que não sobre mais ninguém vivo - além deles.

Mas não é sobre isso que eu quero falar.

Ouvi esta manhã que uma prefeitura e o governo do estado firmaram um convênio com a Fundação Cacique Cobra Coral. Se você não ouviu falar sobre essa fundação, trata-se de um grupo que se diz esotérico orientado por um espírito (o tal cacique), que se destina a prever e evitar o acontecimento de catástrofes climáticas. Não se surpreenda ainda! Pois essa fundação tem vínculo com a prefeitura do Rio há vários anos e há várias gestões, chegando até a ser contratada para evitar a chuva durante um reveillon há poucos anos. E se você pensa que é uma excentricidade do Rio de Janeiro, dê uma olhada nos convênios assinados pelos governos municipais e estaduais de outros lugares do Brasil na própria página deles: http://www.fccc.org.br/convenios.asp

A assinatura deste convênio (que, se foi com a prefeitura carioca, trata-se apenas de uma renovação) expõe três problemas muito graves:

1°: Num momento de crise, onde é preciso avaliar com critérios técnicos os riscos para as pessoas assentadas, isoladas, das equipes trabalhando nos resgates, que inclui os riscos de desabamento, desmoronamento, e do retorno de frentes frias, pancadas de chuva, desvios de cursos de rios, etc., etc., onde a objetividade do conhecimento científico se faz MAIS IMPORTANTE DO QUE NUNCA, os governantes resolvem recorrer ao espírito que um dia já foi Galileu Galilei.

2°: Uma vez mais, o dinheiro público, que saiu do meu bolso, está sendo direcionado ao bolso de uma organização esotérica para executar alguma função pública, que, no caso, é controlar as forças da natureza. O Estado que se pretende laico não pode favorecer esta ou aquela crença religiosa em detrimento das outras, e daqueles que são contra ela. Eu não tenho nada contra o Cacique Cobra Coral. Poderia ser, igualmente, um convênio do estado com a bispa Sônia, com o Papa Bento XVI, com a Fundação Shambala, com o Profeta Gentileza. O CRIME CONTRA O CIDADÃO seria o mesmo.

3°: Admitamos que o Cacique Cobra Coral seja capaz de, pelo método que for, prever, e até evitar as chuvas. POR QUE ELE NÃO FEZ ISSO ANTES? Se este é o caso, olha só o caráter da entidade com quem nossos governantes estão se envolvendo (nunca se esqueça, com dinheiro público), que funciona só quando desconta o cheque no banco.

A tragédia do Brasil não é só o número de mortos e desabrigados. Consegue ser ainda pior.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pew pew pew

Nesta manhã, traficantes da Mangueira fugiram para a Quinta da Boa Vista e esconderam-se no Jardim Zoologico. Do palacio da Quinta ouviu-se tiroteio, e ha relatos de um policial baleado. As radios estao noticiando, mas os sites de noticias estao muito ocupados com as chuvas. A diretoria do Museu Nacional mandou os funcionarios para casa.

Entao tchau.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Geleia de acerola, FTW

Depois do meu quarto, a cozinha é o meu lugar favorito na casa. Eu sou capaz de morar num lugar que tenha um quarto e uma cozinha (um banheiro, lógico). Sala e demais lugares para um social são supérfluos :^P

Nesse fim de semana inventei uma geleia de acerola, aproveitando que o meu pé de acerola que está carregado pela segunda vez nessa temporada primavera-verão. Não adianta colocar a receita aqui, porque foi tudo feito no olhômetro, mas se você já fez uma geleia de qualquer coisa na vida, fica mais fácil.

Separe a polpa das sementes. Se as acerolas tiverem acabado de ser colhidas do pé, elas deverão estar bem firmes, e com uma faca você faz isso facilmente. Se estiverem molengas, talvez seja preciso espreme-las. O importante é ter a polpa sem as sementes. As cascas podem ficar.

Coloque numa panela e misture o açúcar para soltar água, depois leve ao fogo baixo. Lembre-se de que a acerola pura é azedíssima, então seja generoso com o açúcar. Cozinhe mexendo lentamente. Para uma consistência melhor, com o que vc estiver usando para mexer, vá macerando sem pressa nem força os pedaços da fruta. O ponto ideal é quando os pedaços estiverem bem moles e com a cor mais ou menos uniforme, um pouco antes de chegar ao ponto de fio. Adicione quantidade de gelatina sem sabor na metade da proporção que você usaria para o volume equivalente de água para fazer gelatina. Dissolva a gelatina e leve para a geladeira. Ela fica bonita e consistente, se quiser coloque num vidro baixo de boca larga, como dessas geleias caras de supermercado e tire onda.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Romanes eunt domus

O verão carioca é inclemente. Deveria existir um sistema alternativo de trabalho que possibilitasse ou a redução da jornada durante os meses mais quentes do ano, ou a supressão da sexta-feira. Dormi apenas duas horas esta noite e a monotonia do trabalho, somado ao laboratório vazio de sexta (funcionários públicos deram o seu jeitinho de fazer o que eu propus) está me dando um sono da porra, e eu faria qualquer coisa para dormir mais um pouco.

Devo esse sono atrasado ao livro que eu comprei, O Império dos Dragões, de Valerio Massimo Manfredi. O autor é um historiador e arqueólogo por formação, mas há alguns anos tem se dedicado a escrever romances com temas históricos. Dele eu já tinha lido O Tirano, sobre a vida de Dionisio, tirano de Siracusa, colônia grega na Sicília, e que por muito pouco não conseguiu a proeza de unificar a ilha sob seu comando. Naquele livro, Manfredi é mais um historiador narrativo, se atendo a hipóteses e análises em detrimento do ritmo da história largamente reconstruída sob a forma de ficção. Em O Império dos Dragões, ele se liberta do rigor historiográfico para contar sobre como soldados romanos capturados pelo rei persa Shapur, junto com o imperador romano Valeriano, escapam ao cativeiro e se aventuram pelo mundo numa jornada quase impossível de volta para casa.

Honestamente, enquanto em O Tirano, Manfredi é mais um arqueólogo do que um romancista, nesse livro ele continua sendo um romancista mais ou menos (talvez a tradução que seja ruim), mas sem os vícios do acadêmico (embora ele tenha empregado grande pesquisa na reconstrução da época). Mas que bela história ele tem nas mãos! E é isso que me manteve acordado até as 3 da manhã.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Estimulacao russa 2, o retorno

Primeiro, estou num Mac e nao sei configurar o teclado para acentos, etc.

Ha um tempo atras, eu postei minha estupefacao perante esse tratamento estetico chamado Estimulacao Russa. Ora, eu resolvi matar a curiosidade. Definitivamente, nao eh o que eu imaginava :P

 
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