terça-feira, 24 de julho de 2012

Prolegômenos de pensamentos incompletos

Eu tenho uma memória prodigiosa para leitura, e geralmente me lembro (pelo menos durante algum tempo) de quase tudo que eu leio. Mas eu tenho sérios problemas para lembrar das referências bibliográficas (o autor, o título da obra e o ano de publicação, e até onde diabos eu li aquilo). Eu venho matutando nos últimos dias sobre algo que eu li por aí, não lembro onde, não lembro quando, e não lembro de quem, então desculpaê :^P

Enfim, o ser humano passa por três etapas muito distintas no seu desenvolvimento intelectual:

-A infância, quando as novidades são assimiladas e misturadas com a imaginação, criando uma concepção do mundo pouco objetiva, com fantasias tão reais quanto os fenômenos factuais observados e interpretados nessa matriz de informações incompletas e mitos. Não obstante, é a fase em que a capacidade de aprendizado, talvez, seja mais a maior em toda a vida;

-A segunda se estende da adolescência até o início da fase adulta, quando o jovem descobre, como se ele fosse o primeiro, que certos mitos da infância são falsos, ou sempre foram verdadeiros, e apenas estavam encobertos pelo véu dos mitos. É uma fase de "revelações", em que a mente, deslumbrada pelas novas descobertas, leva a crer que as verdades absolutas estão aí para quem quiser vê-las. Quem nunca conheceu um adolescente que tivesse certeza das coisas (de longe a principal origem de conflitos entre adolescentes e adultos), atire a primeira pedra;

-A terceira é a fase da maturidade (que pode, sim, chegar em qualquer idade), quando a experiência e o conhecimento acumulados apresentam todas as contradições e a complexidade de cada aspecto da realidade, e que cada verdade ou dogma estabelecidos anteriormente precisam ser confrontados com uma série de novos dados que corroboram teses em contrário. É uma fase assustadora em que, de repente, a rocha sólida em que os pés estavam plantados se transforma em areia movediça, a certezas desaparecem, e, frequentemente, as pessoas se entregam a certas atividades com o intuito de isolar-se deste mundo confuso e assustador (desde entorpecer a mente até afundar-se nas verdades e crenças anteriores, que lhes eram familiares e lhes davam segurança).

Nenhuma conclusão por enquanto :^P

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Trollagem divina

Tem dias que você sai para trabalhar, e quando você desce do ônibus, começa a chover, e o seu guarda chuva quebra quando tenta abrir. Ou você passa o dia de bobeira na internet, e o seu chefe te liga às 20:00 para você enviar um arquivo de algo que precisa ser entregue na manhã seguinte, e é neste momento em que a internet cai e não volta mais.

Deus está trollando você, então não precisa se aborrecer.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Nomes científicos: um dia você rirá de um

Nomes científicos não são apenas uma forma de um cientista se afirmar no meio de leigos de forma arrogante. Eles são um mecanismo de comunicação mais eficiente do que uma pretensa língua universal. Porque, quando uma espécie é descrita, ela recebe um nome científico binomial (o nome do gênero a qual ela pertence, e o nome da espécie, como se fosse seu nome e sobrenome), e é por este nome que todos os cientistas do mundo, do Chile ao Japão, da Suécia à Nova Zelândia, em todas as línguas e alfabetos possíveis, reconhecerão que a Fulana fulanoides Monocromatico (em itálico, porque é assim que vc identifica um nome científico no meio do corpo de um texto, seguido do nome do autor da espécie, porque ocorre, acidentalmente, do mesmo nome ser proposto mais de uma vez) citada aqui é a mesma Fulana fulanoides Monocromatico encontrada aqui neste outro lugar. Porque nomes populares podem variar de lugar para lugar, não apenas de língua para língua, mas até mesmo de um bairro para outro da mesma cidade, frequentemente, inclusive, sendo utilizado para mais de uma espécie, e esse tipo de confusão é inadmissível para um trabalho científico, porque você precisa saber e dizer exatamente o que você está fazendo.

Os novos nomes são regulados por conselhos de especialistas, que determinam a validade dos nomes científicos de acordo com regras debatidas em congressos internacionais. Mas como os biólogos são geralmente meio malucões, embora eles geralmente façam tudo como os códigos internacionais de nomenclatura determinam, algumas vezes uma irreverência, ou a presença de espírito, ou mesmo coincidências infelizes que em português ficam engraçadas (graças ao latim e às latinizações usados nos nomes científicos), acabam sendo aceitas no meio científico. Então, aí vão 15 nomes científicos curiosos que eu escolhi por aí:

15: Godzillius robustus Schram, Yager, Emerson: uma espécie de crustáceo caribenho com não mais do que 4,5 cm de comprimento.

14: Clitoria fragrans Small: uma Fabaceae, cujo gênero se caracteriza por flores que lembram uma vagina, com os estames posicionados onde seria o clitóris. Aqui foi um caso de coincidir da flor se parecer com as partes pudentas de uma donzela, e ainda ser perfumada. O Dr. Small até tentou mover esta espécie para um outro gênero, mas Martiusia fragrans (Small) Small não tem o mesmo efeito :^P

13: Chaos chaos Linnaeus: uma ameba, aqui, comendo um paramécio. Linnaeus foi quem oficializou essa coisa de nomenclatura binomial, e como era ele quem fazia as regras, há muitas coisas bizarras com a assinatura dele (felizmente, muitas caíram em sinonímia).

12: Guitarra flamenca Carballo & Uriz: espécie de esponja marinha encontrada no Mediterrâneo. O gênero é uma alusão à forma de guitarra do animal, e a espécie, um trocadilho com a sua distribuição geográfica, junto à costa espanhola.

11: Leonardo davincii Bleszynski: é comum batizar espécies em homenagem a pessoas importantes, mesmo que não sejam da área. Mas o Bleszynski exagerou, e criou o gênero Leonardo (uma mariposa da família Pyralidae) só para usar o nome completo do artista para a espécie. Essa não foi a única que esse Bleszynski aprontou...

10: Viola abortiva Jord.: uma espécie de violeta que estupra e manda tirar...

9: Sterculea foetida L.: Uma árvore asiática conhecida no Brasil como chichá. O nome significa o que parece: fedor de esterco, devido ao aroma de podridão das suas flores.

8: Dezenas e dezenas de nomes homenageando os personagens de J.R.R. Tolkien: embora O Hobbit e O Senhor dos Anéis tenham sido publicados décadas antes, foi a geração hippie dos anos 70 que redescobriu e popularizou as histórias da Terra-média. E se hoje os biólogos são doidões, nos anos 70 então nem se fala. Nessa época foram descritas espécies e gêneros, como Mithrandir (um mamífero fóssil), Smeagol (um molusco da família Smeagolidae), Gollum (um tubarão) Balrogia (uma vespa) e Bubogonia bombadili (outro mamífero fóssil).

7: Abra cadabra Eames & Wilkins: O gênero Abra (um molusco bivalve) ia bem até Eames e Wilkins fazerem esse trocadilho. Hoje este nome é sinônimo de Theora mesopothamica Annandale, apenas por questões taxonômicas.

6: Vampiroteuthis infernalis Chun: um molusco cefalópode, cujo nome significa "lula vampira do inferno", mas que não passa de um animalzinho de, no máximo, 30cm de comprimento.

5: Vini vidivici Steadman & Zarriello: uma espécie de papagaio. "Vini, vidi, vici" são palavras de Júlio César, significando "Vim, vi, venci", descrevendo sua atuação na conquista da Gália. Uma espécie de epitáfio para este papagaio extinto há cerca de 1000 anos nas Ilhas Cook.

4: Tyrannasorus rex Ratcliffe & Ocampo: não é o que parece. Repare que o gênero é Tyrannasorus, não Tyranosaurus. Trata-se de um escaravelho fóssil com mania de grandeza.

3: Phallus impudicus L.: um cogumelo europeu, cujo nome científico significa "pinto sem-vergonha". Veja por si mesmo.

2: La cucaracha Bleszynski: Bleszynski de novo. Ele descreveu o gênero La de mariposas da família Pyralidae (a mesma da mariposa Leonardo davincii), e batizou a espécie típica como La cucaracha. Anos mais tarde, outro biólogo, B. Landry, entrou na onda e batizou uma espécie nova como La cerveza B. Landry.

1: Aha ha Menke: Quando Menke recebeu uma amostra desta vespa então desconhecida, ele teria gritado "AHA!". Mais tarde, ele conseguiu escrever Aha ha na placa do seu carro. Não por acaso, ele compilou uma lista de nomes científicos engraçados e disponibilizou na internet.

 
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