segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Eleições 2012
Alguém diria: "é isso aí, tem que votar contra as elites". Eu não voto contra as elites. As elites também são trabalhadoras, cariocas, e brasileiras, e, salvo exceções, obtiveram seu status legalmente (mesmo que a sua moralidade possa ser questionada, não é ilegal ser imoral). Eles são como eu e como os que pegam o mesmo ônibus que eu quando ele passa pela Rocinha, não posso me colocar contra eles. Não desejo tirar-lhes o que lhes é de direito. Ao contrário votei a favor deles também. E dos meus interesses como morador de uma comunidade com o sétimo pior IDH do município. Do contrário, estaria eu fazendo o papel de usurpador de direitos, transformando-me em tirano dos meus tiranos, e igualando-me aos que condeno.
Porque as elites sobrevivem cultivando seu status quo, é natural e histórico que isto ocorra, mesmo em sociedades pretensamente "igualitárias". Porém, enquanto as elites cultivarem o abismo social entre elas e a periferia, lutando para embarreirar obras e projetos que beneficiem as classes mais baixas e promovam a integração e a igualdade de direitos, haverá uma tensão social perigosa, porque ela pode ser estendida só até um limite. E quando ela arrebentar, choverá ferro e fogo sobre as mesmas elites. É contra isso que eu votei. É contra isso que eu voto sempre.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Come Tudo, Bebe Tudo, e Nada Chega
Tudo começava com um príncipe. Ele recebeu a notícia de que um rei daria sua filha em casamento a aquele que vencesse uma série de competições. Então o príncipe pôs-se a caminho. Logo ele encontrou um sujeito com grandes orelhas na beira da estrada, muito triste. "Por que está triste?" perguntou o príncipe. "Porque sou feio, tenho orelhas muito grandes". "Pois sou um príncipe, e..." "...e vai tentar se casar com a princesa", completou o outro. Acontecia que as orelhas grandes permitiam que ele ouvisse tudo, até o sussurro mais distante. Então o príncipe o convidou a ir com ele.
Depois, eles encontraram um sujeito com grandes pernas, que também estava triste, porque caçoavam das suas pernas. "Mas com um passo eu sou capaz de percorrer todo o reino", e o príncipe o convidou a ir com ele.
Em seguida, encontraram um caçador com uma espingarda, e estava triste porque caçoavam das grossas lentes do seu óculos. "Mas em compensação, sou capaz de atirar num rato a 2 quilômetros de distância". Impressionado, o príncipe o convidou a se juntar a ele.
A turma caminhou mais um pouco, e encontrou um sujeito gordo chorando na borda de um buraco. "Me chamo Come Tudo, Bebe Tudo, e Nada Chega. Estou triste porque eu sou capaz de comer uma plantação de batatas numa bocada, e ainda fico com fome, e sou capaz de beber a água de um lago com um gole, e continuo com sede". O príncipe prometeu que Come Tudo, Bebe Tudo, e Nada Chega poderia comer o que quisesse do seu próprio reino se o acompanhasse. E assim, os 5 seguiram para o torneio pela mão da princesa.
Na primeira competição, cada principe elegeria um campeão para uma prova de inteligência: o vencedor seria aquele que descobrisse em qual barril estava escondido um rato. Cada um tentou e errou, e o sujeito de grandes orelhas, ouvindo os mínimos ruídos do roedor, acertou na primeira tentativa, para espanto geral.
Na segunda competição, venceria quem completasse 10 voltas em torno do castelo a pé. Foi dada a partida, e enquanto cada campeão dava o máximo, o homem de longas pernas estava deitado, dormindo ao sol. Quando o vencedor parecia definido, faltando alguns metros, o homem se levantou, e, com um passo só, deu 10 voltas completas antes que todos.
Na terceira competição, venceria quem conseguisse acertar um coelho à maior distância. Caçadores habilidosos abatiam suas presas a 150, 200, 300 metros de distância. O caçador de óculos, então, esperou que o coelho corresse o máximo que pudesse, e, quando já estava a 10 quilômetros de distância, ele acertou um tiro que perfurou as duas orelhas, mas manteve o coelho vivo.
O rei já estava impressionado, mas ainda iria impor uma última prova para definir o noivo de sua filha: seria aquele que providenciasse o maior espetáculo de fogos de artifício. O príncipe então ficou desanimado, porque era pobre e não podia pagar pelos fogos. Então, Come Tudo, Bebe Tudo, e Nada Chega se aproximou e disse: "Deixe comigo, príncipe, pois esta noite faremos um espetáculo como nunca se viu". Então, o homenzarrão saiu e começou a comer e beber tudo que encontrou pela frente: hortas de verduras, plantações de cenouras, pomares de maçãs, comeu os animais do bosque, e até algumas árvores, bebeu toda a água dos rios com seus peixes.
Quando anoiteceu, os príncipes competidores estouravam seus fogos, cada um a sua vez. Por último, o nosso príncipe, ansioso, não sabia o que fazer e pensava em desistir, quando voltou Come Tudo, Bebe Tudo, e Nada Chega. A barriga do homem começou a fazer um estrondo surdo, e então ele arrotou e peidou tanto que nunca se ouviu tamanhas explosões, abalando muralhas e afugentando pessoas. E com esse espetáculo de flatulência, o príncipe venceu a competição e se casou com a princesa.
Aí minha avó contava que ela tinha sido convidada para o casamento, e que ela vinha trazendo uma bandeja de brigadeiros quando o ônibus freou e ela derrubou tudo.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Campanha eleitoral
terça-feira, 24 de julho de 2012
Prolegômenos de pensamentos incompletos
Enfim, o ser humano passa por três etapas muito distintas no seu desenvolvimento intelectual:
-A infância, quando as novidades são assimiladas e misturadas com a imaginação, criando uma concepção do mundo pouco objetiva, com fantasias tão reais quanto os fenômenos factuais observados e interpretados nessa matriz de informações incompletas e mitos. Não obstante, é a fase em que a capacidade de aprendizado, talvez, seja mais a maior em toda a vida;
-A segunda se estende da adolescência até o início da fase adulta, quando o jovem descobre, como se ele fosse o primeiro, que certos mitos da infância são falsos, ou sempre foram verdadeiros, e apenas estavam encobertos pelo véu dos mitos. É uma fase de "revelações", em que a mente, deslumbrada pelas novas descobertas, leva a crer que as verdades absolutas estão aí para quem quiser vê-las. Quem nunca conheceu um adolescente que tivesse certeza das coisas (de longe a principal origem de conflitos entre adolescentes e adultos), atire a primeira pedra;
-A terceira é a fase da maturidade (que pode, sim, chegar em qualquer idade), quando a experiência e o conhecimento acumulados apresentam todas as contradições e a complexidade de cada aspecto da realidade, e que cada verdade ou dogma estabelecidos anteriormente precisam ser confrontados com uma série de novos dados que corroboram teses em contrário. É uma fase assustadora em que, de repente, a rocha sólida em que os pés estavam plantados se transforma em areia movediça, a certezas desaparecem, e, frequentemente, as pessoas se entregam a certas atividades com o intuito de isolar-se deste mundo confuso e assustador (desde entorpecer a mente até afundar-se nas verdades e crenças anteriores, que lhes eram familiares e lhes davam segurança).
Nenhuma conclusão por enquanto :^P
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Trollagem divina
Deus está trollando você, então não precisa se aborrecer.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Nomes científicos: um dia você rirá de um
Os novos nomes são regulados por conselhos de especialistas, que determinam a validade dos nomes científicos de acordo com regras debatidas em congressos internacionais. Mas como os biólogos são geralmente meio malucões, embora eles geralmente façam tudo como os códigos internacionais de nomenclatura determinam, algumas vezes uma irreverência, ou a presença de espírito, ou mesmo coincidências infelizes que em português ficam engraçadas (graças ao latim e às latinizações usados nos nomes científicos), acabam sendo aceitas no meio científico. Então, aí vão 15 nomes científicos curiosos que eu escolhi por aí:
15: Godzillius robustus Schram, Yager, Emerson: uma espécie de crustáceo caribenho com não mais do que 4,5 cm de comprimento.
14: Clitoria fragrans Small: uma Fabaceae, cujo gênero se caracteriza por flores que lembram uma vagina, com os estames posicionados onde seria o clitóris. Aqui foi um caso de coincidir da flor se parecer com as partes pudentas de uma donzela, e ainda ser perfumada. O Dr. Small até tentou mover esta espécie para um outro gênero, mas Martiusia fragrans (Small) Small não tem o mesmo efeito :^P
13: Chaos chaos Linnaeus: uma ameba, aqui, comendo um paramécio. Linnaeus foi quem oficializou essa coisa de nomenclatura binomial, e como era ele quem fazia as regras, há muitas coisas bizarras com a assinatura dele (felizmente, muitas caíram em sinonímia).
12: Guitarra flamenca Carballo & Uriz: espécie de esponja marinha encontrada no Mediterrâneo. O gênero é uma alusão à forma de guitarra do animal, e a espécie, um trocadilho com a sua distribuição geográfica, junto à costa espanhola.
11: Leonardo davincii Bleszynski: é comum batizar espécies em homenagem a pessoas importantes, mesmo que não sejam da área. Mas o Bleszynski exagerou, e criou o gênero Leonardo (uma mariposa da família Pyralidae) só para usar o nome completo do artista para a espécie. Essa não foi a única que esse Bleszynski aprontou...
10: Viola abortiva Jord.: uma espécie de violeta que estupra e manda tirar...
9: Sterculea foetida L.: Uma árvore asiática conhecida no Brasil como chichá. O nome significa o que parece: fedor de esterco, devido ao aroma de podridão das suas flores.
8: Dezenas e dezenas de nomes homenageando os personagens de J.R.R. Tolkien: embora O Hobbit e O Senhor dos Anéis tenham sido publicados décadas antes, foi a geração hippie dos anos 70 que redescobriu e popularizou as histórias da Terra-média. E se hoje os biólogos são doidões, nos anos 70 então nem se fala. Nessa época foram descritas espécies e gêneros, como Mithrandir (um mamífero fóssil), Smeagol (um molusco da família Smeagolidae), Gollum (um tubarão) Balrogia (uma vespa) e Bubogonia bombadili (outro mamífero fóssil).
7: Abra cadabra Eames & Wilkins: O gênero Abra (um molusco bivalve) ia bem até Eames e Wilkins fazerem esse trocadilho. Hoje este nome é sinônimo de Theora mesopothamica Annandale, apenas por questões taxonômicas.
6: Vampiroteuthis infernalis Chun: um molusco cefalópode, cujo nome significa "lula vampira do inferno", mas que não passa de um animalzinho de, no máximo, 30cm de comprimento.
5: Vini vidivici Steadman & Zarriello: uma espécie de papagaio. "Vini, vidi, vici" são palavras de Júlio César, significando "Vim, vi, venci", descrevendo sua atuação na conquista da Gália. Uma espécie de epitáfio para este papagaio extinto há cerca de 1000 anos nas Ilhas Cook.
4: Tyrannasorus rex Ratcliffe & Ocampo: não é o que parece. Repare que o gênero é Tyrannasorus, não Tyranosaurus. Trata-se de um escaravelho fóssil com mania de grandeza.
3: Phallus impudicus L.: um cogumelo europeu, cujo nome científico significa "pinto sem-vergonha". Veja por si mesmo.
2: La cucaracha Bleszynski: Bleszynski de novo. Ele descreveu o gênero La de mariposas da família Pyralidae (a mesma da mariposa Leonardo davincii), e batizou a espécie típica como La cucaracha. Anos mais tarde, outro biólogo, B. Landry, entrou na onda e batizou uma espécie nova como La cerveza B. Landry.
1: Aha ha Menke: Quando Menke recebeu uma amostra desta vespa então desconhecida, ele teria gritado "AHA!". Mais tarde, ele conseguiu escrever Aha ha na placa do seu carro. Não por acaso, ele compilou uma lista de nomes científicos engraçados e disponibilizou na internet.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
O BRT da Transoeste como ele é
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Hormônios, evolução do conhecimento, e patifes na ciência
terça-feira, 19 de junho de 2012
Uma ideia, duas frases
terça-feira, 6 de março de 2012
Jesus Luz no coração dos homens de boa vontade
Resumo dos acontecimentos: estou trabalhando como supervisor de uma equipe de informatização num herbário importante, fui aprovado e estou na fila de espera para ser convocado num concurso para analista de projetos de uma instituição de fomento à pesquisa, me casei e aluguei uma casa para mim e minha esposa, e consigo ver TV após 7 anos de estática.