quarta-feira, 14 de julho de 2010

Em público

Em pouco mais de duas semanas, vou apresentar uma palestra para alunos do ensino médio sobre os benefícios e os malefícios do video game. Serão três palestras com esse tema nas unidades de uma rede particular durante o mês de agosto. Peguei essa depois de apresentar uma palestra sobre história dos jogos na UFRJ, na qual a plateia (basicamente, químicos!) aparentemente se interessou bastante.

E pensar que, quando comecei na faculdade, eu entrava em pânico total quando me via obrigado a falar em público. No primeiro seminário que eu apresentei, eu simplesmente não conseguia formar uma única frase coerente. Nunca uma pessoa levou uma nota tão baixa numa apresentação desse seminário em todos os anos em que foi aplicado (exceto quando a pessoa não apareceu para falar e levou zero). Houveram outros micos, mas eles foram ficando cada vez menores com o tempo e a prática. A importância da situação não me intimidava tanto quanto a situação em si. Tanto que, nas ocasiões mais importantes (minha apresentação de monografia de bacharelado, e na defesa do mestrado, quando eu já estava calejado pelos micos anteriores) eu me senti tão à vontade que até me esqueci dos limites de tempo, e nas duas vezes em que apresntei projeto de doutorado para a banca avaliadora, houve até espaço para brincadeiras sutis. Durante o mestrado, dei uma aula sobre origem e evolução de Angiospermas, e consegui dizer rápido e claramente "óvulos nos macrosporófilos dos estróbilos das Pteridospermales" sem gaguejar!

Acho que eu tenho um quê de ator. Porque se alguém entrar agora no meu quarto, vai encontrar uma pessoa calada e com extrema dificuldade de pensar em algo para dizer. Organizar os pensamentos e expressá-los oralmente é um esforço colossal pra mim, desde que eu consigo me lembrar. Minha entesposa fica me empurrando para conseguir obter meus pensamentos de mim. Mas quando tenho um assunto (importante, um assunto que não seja íntimo, algo impessoal como o "uso de plantas medicinais pelo homem de Neanderthal") a tratar com um grupo de pessoas, uma plateia, por exemplo, do tamanho que for, eu faço com uma desenvoltura satisfatória, mesmo que fuja uma palavra ou outra do discurso e eu tenha que emendar na hora.

Inclusive, participo de um podcast, o Megacast*, onde eu e mais uns 5 a 8 nerds falamos sobre games da geração 16-bits. Gravamos via conferência no Skype, cada um tem sua parte pra falar, e liberdade para interferir na fala dos outros. Eu mesmo observo o contraste do meu comportamento quando estamos gravando contra quando estamos apenas conversando; quando chega a hora, eu incorporo um personagem qualquer (o "Monocromático", possivelmente) e mando brasa.

É estranho isso. Eu deveria desenvolver essa coisa.

*Só pra deixar a propaganda por completo, se quiser ouvir os 6 episódios, baixe aqui:
Megacast 1 - É dia de Powerblack
Megacast 2 - Prêmio Dreamcas 2009
Megacast 3 - Papos de locadora
Megacast 4 - Trilha sonora dos games
Megacast 5 - Sega vs. Nintendo
Megacast 6 - Clássicos que nunca morrem, parte 1

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