terça-feira, 7 de setembro de 2010

Latim

Feriado, 7 de setembro. Já foi um feriado cívico, onde pessoas pretensamente patriotas fingiam exibir um orgulho que não sentiam por um país com o qual não se importavam enquanto não lhes oferecesse vantagens ou benefícios. A hipocrisia decresceu nas últimas décadas, mas infelizmente o patriotismo (que, felizmente, é algo bem diferente de nacionalismo) não melhorou. Pelo menos não se finge mais com tanto empenho...

Feriado é dia de internerds vazia, almoços melhor elaborados, máquinas das obras paradas. É um dia ideal para estudar, se você é nerd como eu, ou tem dever de casa para entregar na quarta-feira. Estou fazendo curso de latim. Estudar uma língua morta seria vaidade, se o seu conhecimento não me desse acesso a obras científicas antigas, como a Flora Brasiliensis, e se, em trabalhos científicos, a diagnose de uma espécie nova não fosse, em muitos casos, ainda redigida em latim, bem como as notas escritas em espécimes coletados por naturalistas mais antigos ou eruditos e depositados em herbários, com os quais eu trabalho. Provavelmente não serei capaz de dialogar com um cardeal no Vaticano (onde o latim ainda é língua oficial usada na liturgia), mas terei o instrumental linguístico para complementar o meu trabalho e meus estudos.

Eu não tenho graaaande facilidade com línguas. Além do português, tenho leitura e escrita fluentes em inglês, leitura fluente em espanhol. Em ambos os casos, o que eu aprendi na escola teve muito menos peso do que a prática e a necessidade. Nos primeiros anos, a internet era quase toda em inglês, então sites, fóruns, grupos de discussão, na maioria das vezes, só eram acessíveis com um dicionário bilingue no colo. Aprendi inglês de verdade participando ativamente de chats e fóruns de discussão, mesmo com um inglês de Tarzan - lembrando que naquele tempo não existiam tradutores automáticos online. A observação e a identificação dos erros foi fundamental.

O espanhol eu já absorvi assistindo TV a cabo no tempo em que a programação das emissoras americanas para a América Latina era toda em castelhano. Além de ter a língua sempre acessível, pelo meu pai, alguns de seus parentes, e uma amiga chilena da minha mãe. E também não é tão diferente de português que seja ininteligível - de fato, linguísticamente, o castelhano e o português poderiam ser considerados dialetos de uma grande língua ibérica, já que a fronteira de ambos não é tão clara, quando se considera o galego um dialeto do espanhol, mesmo sendo ortograficamente e gramaticalmente tão mais parecido com o português que o galego precisa avisar que está escrevendo em galego para não pensarem que ele está apenas cometendo erros de português.

Embora, com alguma atenção, eu seja capaz de entender o que um italiano ou um francês querem dizer, e eu saiba xingar em 12 idiomas, latim será a terceira língua.

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